Quando escolhemos um antibiótico, optamos por aquele que é eficaz contra a maioria das bactérias presentes. Nem sempre o antibiótico mata 100% das bactérias. O que acontece é que se reduzirmos o número de bactérias para 5% ou 10%, a infecção desaparece porque nosso sistema imune é capaz de controlar o que sobrou.
Porém, muitas vezes o nosso organismo não consegue se livrar completamente dessas bactérias, permitindo que as mesmas se reproduzam e causem uma nova infecção, agora composta apenas por bactérias resistentes ao antibiótico escolhido inicialmente.
Este é um exemplo simplificado do que ocorre na realidade. Geralmente são necessários alguns cursos repetidos do mesmo antibiótico, ao longo de meses ou anos, para que surjam bactérias resistentes. Este processo é nada mais do que a seleção natural, onde os mais fortes sobrevivem e passam seus genes para seus descendentes.
Alguns fatos, entretanto, favorecem o surgimento mais rápido de cepas resistentes. O principal é a interrupção precoce do tratamento : algumas bactérias mais fracas morrem com 24 horas, outras precisam de 7 dias. Se o tratamento é interrompido com 5 dias, por exemplo, as bactérias mais resistentes, que precisavam de mais tempo de antibiótico, continuarão vivas e poderão se multiplicar, levando, agora, a uma infecção bem mais resistente.
Outro fator importante é o uso indiscriminado de antibióticos. Muitas das infecções que temos são causadas por bactérias que vivem naturalmente no nosso corpo, controladas pelo nosso sistema imune, apenas à espera de uma queda nas defesas para atacarem. Se o paciente usa muito antibiótico sem necessidade, como, por exemplo,quando a mãe usa para “secar o catarro mais rápido”, ela estará previamente selecionando as bactérias mais resistentes, e, futuramente, quando houver uma real infecção bacteriana, esta será causada já por bactérias resistentes.
E quando a amoxicilina não funciona?
Amplamente utilizada na Pediatria , a amoxicilina é eficaz na maioria das infecções – de garganta, ouvido , sinusite a pneumonia – e também o antibiótico com maior número de bactérias resistentes .
Crianças com infecções recorrentes , fazem uso de amoxicilina e a partir de um certo tempo , nota-se uma redução da sua eficácia . Quando isso ocorre , há a necessidade da troca de remédio , pois não há cura .
E isso pode acontecer com o outro antibiótico? Sim! Se o uso for indiscriminado , com certeza a criança poderá ser colonizada por microorganismos tão poderosos , que somente o uso de medicação na veia ( injetável ) será eficaz . Essa é a temida infecção por bactérias multirresistentes – tão fortes que não há medicação que interrompa a doença .
Prevenção , prevenção , prevenção
Por isso a prevenção de novas infecções é peça fundamental do tratamento . Não basta usar remédio , devemos saber quando e como usá-lo e investigar o por quê isso está acontecendo .
Amígdala grande ou adenóide , desvio de septo e refluxo gastroesofágico são doenças que podem propiciar muita infecção . Após o diagnóstico , o pediatra avalia qual será a forma melhor de tratamento e de prevenção , para que o seu filho não volte a usar mais nenhum antibiótico.
Fica o recado : pense muito antes de usar qualquer remédio por conta própria , sem a orientação de um médico . A solução mais imediata para o seu problema nem sempre é a mais adequada .
Reflita . À saúde do seu filho em primeiro lugar .